
Estava lendo um livro da Martha Medeiros, Non-Stop- Crônicas do Cotidiano (2001), e me deparo com uma crônica dela em que o título era assim: Quero ser Pedro Almodóvar. Pensei então que diabos ela estava fazendo, falando logo dele.
Não gosto muito do estilo e nunca entendo bem os filmes, sempre fico horas tentando pegar o sentido da coisa. Sentido da coisa. Tá ai a chave da explicação. Tá ai o porquê da minha antipatia e da adoração da Martha. Na crônica ela explica que não conseguia entender o motivo pelo qual tanto o admirava, até que percebeu: seus filmes não fazem sentido algum. E por que devem fazer?
Quando assisti "Volver", senti que faltava algo, filme ótimo, ótimo elenco, ótimo roteiro, mas não sei, algo ainda me deixava na espera, aquilo não parecia um filme acabado, ordenado. Ao olhar "Tudo sobre minha mãe" (um dia ainda falo mais sobre esse filme aqui!) a frustração aumentou, que filme era aquele que provocava alegria, tristeza, desconforto, tudo, menos sentido?!
Como Martha Medeiros diz na crônica, nós humanos buscamos a lógica sempre. Tudo tem um porquê. Se não disse que ama nos últimos dias, é porque não ama mais . Se não foi contratada naquele emprego, é porque a roupa estava apelativa demais. Se não ligaram convidando pra sair, é na certa por causa daquela fofoca da semana passada. Tudo fazendo muita coerência. Porém nem tudo na vida faz sentido. Nem sempre a realidade possui apenas um motivo, uma razão.
Foi ai que notei: por isso não gostava do Almodóvar. Ele despertava em mim o que eu mais detestava: a falta de razões lógicas para as coisas. Neste sentido, sou humana tanto ou mais que a maioria: tudo tem que acontecer de forma planejada, tudo tem um porquê de ter ou não ocorrido de tal forma. E a vida não é assim, os sentimentos não são assim.
A vida é uma surpresa, é algo que muitas vezes não entendemos e nem iremos entender, é algo que muitas vezes possui mais de uma explicação. Mas ela tá ai, batendo na nossa porta, pedindo para ser vivida. Fazendo todo o sentido, ou sentido algum. Então a partir de agora vou tentar relaxar mais e seguir uma nova meta: Quero ser Almodóvar.
Foto: Flavio's World
*Paula Blaas - estudante de jornalismo
Não gosto muito do estilo e nunca entendo bem os filmes, sempre fico horas tentando pegar o sentido da coisa. Sentido da coisa. Tá ai a chave da explicação. Tá ai o porquê da minha antipatia e da adoração da Martha. Na crônica ela explica que não conseguia entender o motivo pelo qual tanto o admirava, até que percebeu: seus filmes não fazem sentido algum. E por que devem fazer?
Quando assisti "Volver", senti que faltava algo, filme ótimo, ótimo elenco, ótimo roteiro, mas não sei, algo ainda me deixava na espera, aquilo não parecia um filme acabado, ordenado. Ao olhar "Tudo sobre minha mãe" (um dia ainda falo mais sobre esse filme aqui!) a frustração aumentou, que filme era aquele que provocava alegria, tristeza, desconforto, tudo, menos sentido?!
Como Martha Medeiros diz na crônica, nós humanos buscamos a lógica sempre. Tudo tem um porquê. Se não disse que ama nos últimos dias, é porque não ama mais . Se não foi contratada naquele emprego, é porque a roupa estava apelativa demais. Se não ligaram convidando pra sair, é na certa por causa daquela fofoca da semana passada. Tudo fazendo muita coerência. Porém nem tudo na vida faz sentido. Nem sempre a realidade possui apenas um motivo, uma razão.
Foi ai que notei: por isso não gostava do Almodóvar. Ele despertava em mim o que eu mais detestava: a falta de razões lógicas para as coisas. Neste sentido, sou humana tanto ou mais que a maioria: tudo tem que acontecer de forma planejada, tudo tem um porquê de ter ou não ocorrido de tal forma. E a vida não é assim, os sentimentos não são assim.
A vida é uma surpresa, é algo que muitas vezes não entendemos e nem iremos entender, é algo que muitas vezes possui mais de uma explicação. Mas ela tá ai, batendo na nossa porta, pedindo para ser vivida. Fazendo todo o sentido, ou sentido algum. Então a partir de agora vou tentar relaxar mais e seguir uma nova meta: Quero ser Almodóvar.
Foto: Flavio's World
*Paula Blaas - estudante de jornalismo
A pergunta que fica é: será que ele não vê um sentido no filme "Tudo sobre minha mãe", no "Volver", e em todos os outros que dirigiu? Será que são mesmo filmes que não fazem sentido? Ou será que "Tudo sobre minha mãe", por exemplo, é um filme feito pra que cada um dê um sentido diferente, de acordo com a sua perspectiva? Acho interessantíssimo o trabalho dele, e adorei o teu post. Show!
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