quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Cinema Paradiso

A sonoridade da língua italiana, misturada com a delicadeza de uma história simples, com seus momentos de humor e drama, atores expressivos e o toque diferenciado do cinema italiano fazem Cinema Paradiso entrar para a lista dos meus filmes preferidos.

A história inicia quando Salvatore di Vita, em Roma, recebe um telefonema de sua mãe avisando que Alfredo está morto. A partir daí, lembranças da infância em Giancaldo e do Cinema Paradiso, onde Totó - como era chamado quando criança - passava a maior parte do tempo fazendo companhia a Alfredo, o projecionista do cinema, vem à tona na mente de Salvatore.

Totó cresce na cabine de projeção, às voltas com as películas e máquinas, aprendendo com Alfredo e ao mesmo tempo criando um sincero vínculo de amizade. O pequeno ator que interpreta o Salvatore criança rouba a cena. É de um talento incrível, se expressa de forma natural e garante emoções verdadeiras no espectador tanto em cenas engraçadas como nas dramáticas.

O diretor Giuseppe Tornatore achou curioso o fato do pequeno Salvatore Cascio ter o mesmo nome do personagem, mas o que lhe rendeu o papel foi o fato de ter decorado todas as falas e marcações de uma cena durante os testes. O ator francês Philippe Noiret, experiente e com atuação em filmes como "Tango"(1993), de Patrice Leconte e "O Carteiro e o Poeta" (1994), de Michael Radford, apresenta atuação excelente, na pele do rabugento mas amigo Alfredo.

O filme é primoroso, com várias cenas indescritivelmente belas. Chamo atenção para algumas: quando o pequeno Totó pergunta para sua mãe porque o pai não volta, já que a Guerra è finita, a cena em que ele salva Alfredo do incêdio que destrói o cinema e quando Totó, já adulto, volta à sua cidade natal e contempla fotos antigas, relembrando as pessoas que passaram por sua vida.

As paisagens da Itália colaboram para que o filme seja irretocável. Vencedor da categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar em 1990, do Globo de Ouro na mesma categoria também em 1990, além de diversas outras indicações e premiações em todo o mundo, Cinema Paradiso é uma obra prima.

Fotos: Buenos Aires para niños e Christian Kocinski

*Paula Gracioli

Polanski poderá ganhar prisão domiciliar

O conceituado diretor de Oliver Twist e O Pianista, Roman Polanski, poderá sair da cadeia em Zurique, onde está detido, e cumprir prisão domiciliar em um chalé nos alpes suíços. Ele está recluso a pedido dos Estados Unidos por ter mantido relações sexuais com uma menor há 32 anos.

O cineasta aguarda a decisão a respeito de sua extradição para os EUA e terá que pagar pagar 4,5 milhões de francos de fiança para ser libertado.

Após a residência ser revisada por agentes de segurança e pelo advogado do diretor de 76 anos, ele residirá no chalé apenas com os requisitos mínimos de segurança solicitados pelo Minitério da Justiça do País. Ele vai usar um bracelete de monitoramento eletrônico.

Cada vez que ele deixar a casa, um alarme irá soar, mas ele tem permissão para buscar correspondências ou receber convidados. Polansky também poderá usar internet, e-mails e não terá as ligações telefônicas gravadas.

O caso do diretor teve diversas reações no meio artístico internacional. E, segundo sua cunhada, a atriz Mathilde Seigner, ele teve grande apoio do presidente francês Nicolas Sarkozy. Ele é conhecido por polêmicas.

Em 1969, sua esposa, Sharon Tate, foi assassinada pela Família Manson. Em 1977, ele foi condenado por relações sexuais ilegais com menores e posteriormente fugiu dos Estados Unidos.

Foto: Wikipédia

*Osíris Reis

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Adeus, Lenin!

Em 1989, Christiane (Katrin Sass), professora e entusiasta militante política, após um enfarte entra em coma na Alemanha Oriental. Oito meses depois ela acorda: o muro de Berlim já havia caído, o país já estava unificado e o capitalismo vencia a batalha.

A recomendação médica é de que ela não sofra emoções fortes e seu filho, Alex (Daniel Brühl) com a ajuda da irmã Ariane (Maria Simon) faz de tudo para manter o comunismo funcionando, pelo menos dentro de casa.

A partir daí, com a ajuda de um amigo de Alex, noticiários de televisão são gravados como se o capitalismo tivesse sido derrotado, troca rótulos de vidros de pepinos e geléias e todos que tem contato com Christiane não devem mencionar a real situação do país.

O filme é de uma delicadeza ímpar, Daniel Brühl - que está também no filme Bastardos Inglórios - tem uma atuação excelente, o roteiro não trata de um tema original, mas o diretor Wolfgang Becker abordou o tema sob uma ótica diferente.

Uma das cenas mais marcantes do filme é quando Christiane consegue levantar da cama, sai de casa e vê, entre outros movimentos que lhe eram estranhos na época da Alemanha Oriental, uma estátua de Lenin passar pendurada em um helicóptero.

O tom de comédia mesclado com o drama para tratar de um tema tão polêmico foi extremamente bem sucedido, tanto que Becker foi indicado em 2003 ao prêmio de melhor diretor e prêmio do público de melhor diretor por Adeus, Lenin!.


Fotos: Cinezart
Radamés

*Paula Gracioli

O Profeta lidera indicações

O filme frânces "O Profeta", de Jacques Audiard, está indicado em seis categorias aos prêmios da Academia de Cinema Europeu, inclusive na disputada e principal categoria de melhor filme europeu.

O longa, de sucesso comercial, mas também com um drama realista e social como a Academia gosta, fala sobre o crime nas prisões e o jogo de força e poder entre os presos. O filme venceu o grande prêmio do Júri do Festival de Cannes e é o candidato da França ao próximo Oscar, como "melhor filme estrangeiro".

E por falar em Oscar, a premiação da Academia vai ser uma disputa difícil, já que atrás de "O Profeta" em número de indicações, está o atual vencedor do Oscar de "melhor filme estrangeiro" e sucesso de bilheteria, "Quem quer ser um milionário?" do Reino Unido, com 5 indicações.

Agora resta esperar o resultado!

*Paula Blaas

domingo, 29 de novembro de 2009

Comunismo nas Telas

Após o estrondoso sucesso de Cinema Paradiso, Giuseppe Tornatore volta em 2009 com Baaria. A mais nova superprodução do diretor italiano conta a história do desenvolvimento do comunismo através da saga de três gerações de uma família da Bagheriada, região da Sicília também conhecia como Baaria e terra natal de Tornatore.

O filme, que abriu o Festival de Veneza e foi considerado pelo próprio Tornatore o ''mais íntimo" dos seus trabalhos, foi lançado em São Paulo nesta quarta feira, 25, e ficará em exibição até o dia 3 de dezembro, durante a 5ª Semana Pirelli de Cinema Italiano.

Segundo Tornatore, Baaria é seu filme mais íntimo e sentimental, mais até do que Cinema Paradiso, filme pelo qual recebeu em 1990 o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Apesar dos esforços da produção e do orçamento grandioso – foram investidos 65 milhões de reais, um dos filmes mais caros da história do cinema italiano - Baaria recebeu críticas severas no Festival de Veneza, sendo recebido até com uma certa frieza.

O jornal Il Manifesto, um dos mais irritados com a forma que Tornatore abordou a história política do país e a forma ingênua como tratou o Partido Comunista, classificou o filme como ''decorativo mas sem nada de substância."

Ironicamente, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi foi um dos grandes entusiastas de Baaria. Chegou a declarar que "ninguém deveria perder a oportunidade de assistir a essa fita impressionante”.

O cineasta não pretende se gabar de tal elogio. Tornatore afirmou, na ocasião, que não teria como controlar as convicções políticas do público e que não compartilha da forma com a qual Berlusconi governa a Itália.

Baaria foi escolhido pelo governo italiano para representar o país na corrida pela estatueta na categoria de melhor produção estrangeira. Agora, resta esperar para ver se Tornatore (foto ao lado) irá repetir o feito conquistado com Cinema Paradiso. As indicações serão divulgadas dia 2 de janeiro.

Fotos: oglobo.globo.com e cinemacomrapadura.com.br

*Paula Gracioli

O Leitor

Com 5 indicações ao Oscar, "O Leitor" é um filme alemão que se passa durante a Alemanha pós-segunda Guerra Mundial.

A trama se desenvolve em um verão quando o adolescente Michael Berg (David Kross) e a mulher solitária Hanna Schmitz (Kate Winslet), que tem o dobro da idade do jovem, vivem uma história de amor. Um dia, porém, Hanna desaparece misteriosamente. Oito anos se passam e Berg, sem esperar, se ve frente a frente com o seu passado.


O filme, dirigido por Stephen Daldry (indicado ao Oscar por Billy Eliot e As Horas), começa com Berg adulto (Ralph Fiennes) e volta para sua adolescência, quando conheceu Hanna, para o desenrolar da história. Um dia, voltando para casa, ele percebe que o jovem está doente e o cuida. Depois de melhorar, ele volta a casa dela para agradecer e os dois acabam se envolvendo sexualmente.

Além da diferença de idade, o filme também traz à tona a diferença de classes social e cultural. Durante a trama, a mulher mais velha só aceita fazer sexo com o jovem, depois que ele lê as histórias dos livros que leva para ela. Até o dia em que Hanna some.

Oito anos depois Berg, agora estudante de direito, é levado por seu professor para o julgamento das mulheres que trabalharam no Holocausto, durante o nazismo. Entre elas está Hanna. Berg sabe de um segredo que pode evitar que ela seja condenada, mas se cala.

O filme traz através de uma história de amor, o sentimento de alguns alemães que por vezes preferem esquecer o passado a aceitá-lo. É uma história triste, pesada, mas emocionante.

Elenco: Kate Winslet, Ralph Fiennes, Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, David Kross, Karoline Herfurth, Hannah Herzsprung, Linda Bassett, Lena Olin.


*Paula Blaas

Tudo sobre minha mãe

O filme "Tudo sobre minha mãe" de Pedro Almodóvar (meu novo queridinho) foi lançado em 1999.

Vencedor das premiações do Globo de Ouro e do Oscar em 2000 na categoria "melhor filme estrangeiro" e do Festivel de Cannes como "melhor direção", o longa celebra o universo feminino e o papel de cada mulher neste espaço. As mulheres, que são a verdadeira paixão do diretor, exercem papéis de mães, filhas e até mesmo travestis, que sonham fazer parte do sexo feminino.


"Tudo sobre minha mãe" conta a história de uma mãe (Manuela) e seu filho (Esteban). O garoto escreve tudo o que vive ou presencia em uma caderneta, pois tem o sonho de virar escritor. No dia do seu aniversário ele vai com a mãe assistir uma peça que queria ver há muito tempo. No final do espetáculo, tentando pegar um autógrafo com a atriz principal, ele sai correndo atrás de um taxi onde ela está e é atropelado. No hospital, ele acaba morrendo. Depois disso, Manuela larga o emprego de enfermeira e volta para sua cidade natal, Barcelona, atrás do pai de Esteban, um travesti que nem sabe que teve um filho. A partir dai ela conhece outras mulheres que entram em sua vida de uma forma impressionante e inesperada, inclusive a atriz, musa de Esteban.

Desde a primeira cena, com uma trilha sonora típicamente espanhola, se percebe a dramaticidade da história. É uma trama triste, contada por protagonistas mulheres - apenas dois homens ajudam nesta tarefa, o personagem de Esteban e o pai de Penélope Cruz, mas aparecem bem menos que as atrizes. O colorido do filme, sempre com objetos em cores fortes, também mostra logo de cara quem é o diretor da trama.

É uma obra semelhante às demais do diretor, mas que vale a pena ser assistida já que nos faz refletir sobre a vida e a importância das pessoas ao nosso redor, com pensamentos livres de preconceitos.

Elenco: Cecília Roth, Marisa Paredes, Candela Peña, Antonia San Juan, Penélope Cruz, Rosa Maria Sardà, Fernando Fernan Gómez, Eloy Azorín, Toni Cantó, Carlos Lozano

Foto: CineBloteca

* Paula Blaas